segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os selfies que se phubbers.


A epidemia de likes e compartilhamentos que domina o planeta, além de múltiplas ansiedades, exibicionismo agudo, egos injustificadamente inflados, relacionamentos tortos e superficialidade crônica, tem nos brindado com novas palavras. Todas emanadas do inglês, of course. Nada contra, mas algo me diz que caminhamos pra um apartheid técnico-terminológico, que tende a criar uma interminável teia de guetos de solitários.
Quando olhamos fixamente para nossos smartphones, o que estamos realmente olhando? Espelhos? Nosso umbigo? E - mais grave - o que estamos perdendo?
As pessoas e coisas que circulam fora das telinhas hipnotizantes, até prova em contrário, são bem mais atraentes que sequências de postagens sem rumo. A não ser que estejamos enfeitiçados, não pelo que o aparelhinho nos conta, mas por nossos próprios reflexos, Narcisos patológicos do século XXI. Preocupados em clicar auto-retratos que nos mostram bem-sucedidamente felizes, pouco a pouco nos perdemos do conceito de felicidade. Aflitos por não perder nenhum pedacinho do que se comenta nas redes, construímos barreiras que afastam de nós a capacidade de reflexão, o pensamento crítico, a sensibilidade, a consideração e... os outros. Ah, sim, os outros. Pra que servem mesmo?
Vale aguçar o ouvido pra perceber que selfie soa parecido com selfish. E phubber também se parece com aquela palavra em português que, escrita com "ph", ganha alguns bônus de gravidade.

(Foto de autoria desconhecida, buscada no Google)

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