segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os selfies que se phubbers.


A epidemia de likes e compartilhamentos que domina o planeta, além de múltiplas ansiedades, exibicionismo agudo, egos injustificadamente inflados, relacionamentos tortos e superficialidade crônica, tem nos brindado com novas palavras. Todas emanadas do inglês, of course. Nada contra, mas algo me diz que caminhamos pra um apartheid técnico-terminológico, que tende a criar uma interminável teia de guetos de solitários.
Quando olhamos fixamente para nossos smartphones, o que estamos realmente olhando? Espelhos? Nosso umbigo? E - mais grave - o que estamos perdendo?
As pessoas e coisas que circulam fora das telinhas hipnotizantes, até prova em contrário, são bem mais atraentes que sequências de postagens sem rumo. A não ser que estejamos enfeitiçados, não pelo que o aparelhinho nos conta, mas por nossos próprios reflexos, Narcisos patológicos do século XXI. Preocupados em clicar auto-retratos que nos mostram bem-sucedidamente felizes, pouco a pouco nos perdemos do conceito de felicidade. Aflitos por não perder nenhum pedacinho do que se comenta nas redes, construímos barreiras que afastam de nós a capacidade de reflexão, o pensamento crítico, a sensibilidade, a consideração e... os outros. Ah, sim, os outros. Pra que servem mesmo?
Vale aguçar o ouvido pra perceber que selfie soa parecido com selfish. E phubber também se parece com aquela palavra em português que, escrita com "ph", ganha alguns bônus de gravidade.

(Foto de autoria desconhecida, buscada no Google)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

PARA PRESIDIÁRIO, EM QUEM VOCÊ VOTARIA?


Longe de mim estar sugerindo nomes ou tentando influenciar quem quer que seja. Achei a foto deste post no Google e a atitude do fotografado me levou a imaginar que ele nos fizesse a pergunta sobre um cargo que poderia muito bem pintar nas urnas eletrônicas.
Iniciado o processo de encarceramento dos corruptos brasileiros com a galera do mensalão, nada mais lógico do que listarmos nossos candidatos preferidos para completar a gloriosa equipe do sol quadrado. Repara só como abundam as fotos em que eles se divertem com essa possibilidade.
2014 vem chegando e o cenário eleitoral oscila entre o ruim e o péssimo. Tá muito mais fácil votar para presidiário do que para presidente, né mesmo? Então, por que não? Podemos criar na internet uma emocionante campanha repleta de currículos recheados de falcatruas, negociatas, contas misteriosas no exterior, patrimônios incompatíveis com as rendas etc. Facilitaríamos assim a missão de investigadores, promotores e juízes, declarando nosso apoio pra que sigam em frente na longa e penosa tarefa de engaiolar os que começam sorrindo com dedo em riste e terminam bicudos com magoados punhos erguidos. E eles facilitariam a nossa vida, riscando do mapa as candidaturas que estão ali só pra encher nosso saco e os próprios bolsos.