segunda-feira, 5 de agosto de 2013

HANNAH ARENDT, HITLER E OS PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO.


A história mostra a emoção como incapacitante da razão, expõe a inflexibilidade dos prejulgamentos, a quase impossível compreensão de argumentos quando se está acometido de cegueira e surdez, por idolatria, paixão, ódio ou fanatismos em geral.
Filme fundamental em nossos tempos intolerantes. Provoca reflexão sobre forma, conteúdo e contexto, e sobre a necessidade de extrema cautela na exposição de raciocínios não maniqueístas diante de plateias predispostas a refutar qualquer coisa que esbarre em suas verdades absolutas.
Assisti ao filme na última sexta-feira, depois de testemunhar uma longa série de discussões descalibradas sobre política, religião e manifestações de rua.
Chega o sábado e leio no Globo matéria sobre as fotos de Hitler, feitas por Heinrich Hoffman, enquanto o futuro ditador ensaiava os discursos e gestos com que eliminaria o senso crítico de multidões e arrancaria com tudo em sua trajetória insana. Por mais propícias que fôssem as condições históricas, sociais e econômicas para a ascensão de um "salvador da pátria", não me canso de ficar impressionado com a patetice da figura, a teatralidade canastrona, o ridículo absoluto que a maioria do povo alemão conseguiu desenxergar. Tudo tão ensaiado, repleto de clichês e truques básicos de enquadramento, tudo obviamente desumano, imoral, inaceitável, caminhando para a tragédia.
A história está cheia de acidentes de comunicação. Melhor relembrá-los e preveni-los agora do que lamentá-los depois. Num momento em que os diálogos se transformam em colisão de monólogos, e em que os ignorantes on e off-line se acham no direito de falar mais alto que todo mundo, vale redobrar os filtros do que se ouve e prestar especial atenção naqueles que, mesmo timidamente, se atrevem a discordar.
(fotos extraídas da internet. Autores desconhecidos)

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