segunda-feira, 24 de junho de 2013

(Repassando do blog de Antonio Cícero) COMO ÍAMOS DIZENDO NAS RUAS...

É assim que começa. 


Lei de Reforma do Congresso de 2011 (emenda à Constituição)PEC de iniciativa popular: Lei de Reforma do Congresso (proposta de emenda à Constituição Federal)

1. O congressista será assalariado somente durante o mandato. Não haverá ‘aposentadoria por tempo de parlamentar’, mas contará o prazo de mandato exercido para agregar ao seu tempo de serviço junto ao INSS referente à sua profissão civil.

2. O Congresso (congressistas e funcionários) contribui para o INSS. Toda a contribuição (passada, presente e futura) para o fundo atual de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. Os senhores Congressistas participarão dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.

3. Os senhores congressistas e assessores devem pagar seus planos de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.

4 Aos Congressistas fica vetado aumentar seus próprios salários e gratificações fora dos padrões do crescimento de salários da população em geral, no mesmo período.

5. O Congresso e seus agregados perdem seus atuais seguros de saúde pagos pelos contribuintes e passam a participar do mesmo sistema de saúde do povo brasileiro.

6. O Congresso deve igualmente cumprir todas as leis que impõe ao povo brasileiro, sem qualquer imunidade que não aquela referente à total liberdade de expressão quando na tribuna do Congresso.

7. Exercer um mandato no Congresso é uma honra, um privilégio e uma responsabilidade, não uma carreira. Parlamentares não devem servir em mais de duas legislaturas consecutivas.

8. É vetada a atividade de lobista ou de ‘consultor’ quando o objeto tiver qualquer laço com a causa pública.

“Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem. A hora para esta PEC - Proposta de Emenda Constitucional - é AGORA.

É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO.

Se você concorda com o exposto, REPASSE. Caso contrário, basta apagar e dormir sossegado.

Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO para que possamos ajudar a reformar o Brasil.

domingo, 23 de junho de 2013

De repente, os posts viraram gente.


Foi assim num clique. Bastou uma fagulha de 20 centavos pra acender o estopim que iluminou a inflação atrás da moita, a economia despencante, os gastos governamentais correndo frouxos, a corrupção generalizada, a PEC 37, o embarreiramento do partido da Marina, os deboches de Calheiros, mensaleiros, Malufs,  incuráveis Felicianos. E buuum! Tudo explodiu de repente.
Na largada do movimento, uma faixa com jeito de abre-alas, se apresentava com a cara limpa que falta aos congressistas que votam em segredo: SOMOS A REDE SOCIAL.


"Como?", perguntam-se os donos do poder. "Compramos a UNE, os sindicatos, todos os que tradicionalmente provocam agitações, assim como compramos votos, apoios y otras cositas, a custa de tantos cargos, tantas boquinhas... e agora, esse monte de bocas protestando por aí? De onde vem isso?"
"Vem da web, aquela força que produz os abaixo-assinados que o Governo sistematicamente ignora, majestade. Vem da humilhação continuada, da indignação acumulada."
"Então coloquem depressa nosso exército de blogueiros pra espalhar boatos. Tentativa de golpe da direita, velhos do Restelo, qualquer coisa dessas!" "Mas são jovens." "Então, jovens do Restelo, que seja, ninguém leu Os Lusíadas mesmo. O importante é controlar essa onda de protestos antes que ela influencie as próximas eleições." "Lamento informar, mas é incontrolável."

Nascidas de combustão espontânea, as manifestações no Brasil mudaram radicalmente as regras do jogo. Não há líderes a cooptar e, como a pauta de reivindicações é aberta, fica difícil barganhar. Trapacear em paz, nunca mais.
Benditos os 20 centavos adiados de janeiro pra junho, como disfarce da crescente inflacionária. Bendita a crença dos políticos no futebol e no carnaval como cortinas de fumaça sempre disponíveis para a implementação tudo o que desagrada ao povo. Desta vez não funcionou. Mais do que ligados, estamos conectados.
Enquanto engatinha, a internet é vulnerável à difusão de mentiras e à semeadura de medos. Bobagens são ditas a todo instante. Mas ela aprende mais rápido a identificar falsidades, do que o mundo real a lidar com essa novidade. Tudo está sofrendo mudanças bruscas há algum tempo. Tudo está sendo revisto e rediscutido, desde a produção artístico-intelectual até os limites da privacidade. Chegou a hora de rediscutir a política, de passar o Brasil a limpo. Sem truques.

sábado, 15 de junho de 2013

Uma vaia pra acordar o Brasil.


Joseph Blatter tentou consertar, só piorou. Pediu respeito e fairplay. Ao público ou ao governo?
Vaias são constrangedoras e desrespeitosas, sim. Pegam mal para a presidente, para o país, para todos nós. Mas não se comparam com o grau de constrangimento e desrespeito que temos sofrido dia após dia, vítimas historicamente cordatas e silenciosas, finalmente indignadas com o desperdício absurdo de todas as oportunidades que os grandes eventos, o pré-sal, o cenário econômico mundial e todos os bons ventos possíveis colocaram em nossas mãos. Vítimas de serviços públicos cada vez maiores no custo e menores no benefício. Vítimas de estatais que consagram a incompetência, o cabide de emprego e a ganância, de decisões políticas inconsequentes, da corrosão moral, ética, patrimonial, dos mais variados  tipos, conduzida com a cara mais deslavada por nossos governantes. Corrosão tripudiante, gritante, aguda. Tão aguda quanto as vaias que ecoaram na abertura da Copa das Confederações, para que o mundo inteiro ouvisse, e compreendesse que o Brasil está longe de ser essa maravilha que se diz por aí. Tão gritante quanto os protestos deflagrados pelos 20 centavos que faltavam pra esgotar nossa paciência. Ano que vem tem Copa, e tem eleição. Que o som saído das urnas seja ensurdecedor.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

PLATÔNICO. Minha pequena participação no livro de João Renha sobre Washington Olivetto.






Final dos anos 80. Lembro que era manhã, fazia sol e estávamos na fase pós-resultado do Festival de Cannes, sábado ou domingo, quando todos relaxam (exceto os estressados crônicos), preparando bagagens e espírito pra voltar ao Brasil ou esticar viagem pela Europa. Éramos cerca de uma dúzia de brasileiros recém-esbarrados na Croisette e decididos a tomar um café, Perrier ou refrigerante, mais pelo pretexto pra bater um papo do que por real necessidade de matar a sede ou jogar cafeína extra no sangue.
Ocupamos duas mesas no terraço do Carlton e adicionamos outras  cadeiras ao redor, incrementando o ambiente chique do hotel com um jeitão de boteco. Mais do que conversar, ríamos de montão, e alto, numa época em que nem se sonhava que o Brasil chegaria à invejável posição internacional que ostenta hoje. Não creio que tenham nos percebido como latinos inconvenientes, talvez um pouco excêntricos, e certamente muito divertidos. Brincando sem maiores pretensões, contagiamos a solenidade clássica daquele lugar, e os frequentadores pareciam gratos por isso.
Quem lê esse início de descrição pode imaginar que a palavra circulava com fluidez entre nós, sendo distribuída em fatias de tempo equivalentes pelos integrantes do grupo. Nada disso. Havia um personagem que concentrava as atenções, transformando todos os demais em tietes coadjuvantes. Tudo o que ele dizia, independente do fosse, se tornava mais interessante e mais engraçado, só porque tinha sido dito por ele. Salvo honrosas exceções, apenas a voz dele era ouvida, o que não significava nada além de sua natural capacidade de contar bem as histórias de seu inesgotável repertório.
Na mesa vizinha, um grupo de senhoras turistas ria junto com a gente mesmo sem entender nada de português, pura osmose. Quando me levantei pra ir ao toilette, uma delas me abordou, perguntando se aquele homem que nos entretia era um artista. Na verdade era. Mas preferi explicar da maneira mais racional, prática e leiga que me ocorreu: “Não, senhora. Somos todos publicitários brasileiros, ele é o mais famoso do país, e um dos mais premiados do mundo. Pra nós, é uma espécie de popstar.”
Festivaleiro de primeira viagem, participar daquele momento fechava minha semana na Côte D’Azur com chave de ouro. O sujeito era meu ídolo. Só o conhecia de palco e júris, vendo-o passar o rodo em tudo que era troféu, medalha e diploma. E logo na minha estreia, imagina só, eu havia assistido duas categorias inteiras de filmes ao lado dele, com direito a troca de impressões, informações de bastidores e coisas do gênero. Muita sorte começar daquele jeito.

Relembrando a cena agora, tomo um susto ao enxergar ali alguém que parece não combinar com o universo publicitário. Refiro-me a Platão.

Calma!, não estou surtando. Raciocine comigo:

a) Platão era um grande mestre frequentemente cercado de seguidores ávidos por alguma fração do seu conhecimento, certo? Bem parecido com o que vivíamos ao redor daquela e sabe-se lá de quantas outras mesas ao longo da carreira do Washington (É a primeira vez que o nome dele aparece neste texto. Obviamente desnecessário, mas ajudou no ritmo da frase).

b) Platão desenvolveu a Teoria das Ideias. Sem pretensões acadêmicas, o fenômeno W.O. no mercado publicitário brasileiro alterou significativamente a vida dos profissionais de criação e abriu os olhos dos anunciantes para o valor de nossas ideias. Se uma teoria a respeito não chegou a ser escrita, não tenho dúvidas de que na prática a coisa aconteceu de forma tão convincente que dispensou o blá-blá-blá teórico.

c) Platão e Washington, cada um a seu tempo e jeito, foram muito próximos de Sócrates. A diferença, em prejuízo de Platão, é que o Sócrates dele não teve nenhuma influência na histórica formulação da Democracia Corinthiana.

Ok, talvez tenha viajado demais. Na verdade, o principal motivo que me fez embarcar nesse tema platônico foi algo bem menos cabeçudo do que a explicação costurada nos três tópicos anteriores. Indo direto ao ponto: nunca trabalhei com ele, sempre o admirei à distância e, mesmo correndo por fora e observando de longe, aprendi um bocado com o cara. Simplinho assim.


Daquele evento no Carlton em diante, estive com o Washington em diversas ocasiões, mas nunca cheguei a comentar o efeito Valisère que a primeira risadaria olivettiana à francesa produziu em mim. Nossa permanência no café do hotel não chegou a duas horas, mas foi mais do que suficiente. Como já dizia Platão, “você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa”.