terça-feira, 20 de novembro de 2012

SOBREVOANDO O QUE SE ESCONDE EM BABEL.



Gustave Flaubert diz que "um autor em sua obra deve ser como Deus no universo, presente em toda parte e visível em parte alguma". B. S. Johnson, através da mãe de sua personagem Christie, diz que "Deus vai inventando as coisas à medida que avança, como alguns romancistas".
Muitos já repetiram que escrever é brincar de Deus. E já tiveram que responder milhões de vezes às clássicas perguntas: São seus os sentimentos e experiências dos personagens de seu livro? Em quem você se inspirou para criar o personagem x? Aquele personagem ali é você, né?
Engraçado. E ao mesmo tempo profundo. Ninguém precisa escrever sobre o que si mesmo. Livros não são obras confessionais, embora alguns excepcional e assumidamente o sejam. Mas não há dúvidas de que todo mundo só escreve com o que tem, de observações, reflexões, crenças, opiniões, cultura, estoque vivencial.
Quem me lê em "O Deus da Criação", "E. O Atirador de Ideias" e no recém-lançado "Sobrevoando Babel", pode ter a impressão de estar lendo três autores diferentes, ou confundir minha variação temática e narrativa com indefinição de personalidade. Talvez queira tentar me conhecer, mais até do que eu mesmo me conheço, sem se dar conta de que a grande viagem da existência é o processo de auto-descoberta, e de que lendo e escrevendo exercitamos nossa compreensão do mundo, de nós mesmos, de nossa capacidade de lidar com dificuldades, ultrapassar obstáculos, aceitar o outro e conviver harmoniosamente.
Do pouco que li e ouvi do tanto que foi escrito e dito sobre o trabalho criativo/literário, muita coisa marcou e ficou (tenho ainda tanto a aprender!), mas o que se destacou até agora foram duas dicas de Ray Bradbury: "Obliquidade é tudo" e "Sempre haverá problemas. Deus seja louvado por isso. E soluções. Deus seja louvado por isso." Um outro ângulo de observação do assunto. Uma outra forma de inserir Deus na história. E, por tabela, a deliciosa confirmação de que o dom de criar (concedido a todas as pessoas) é a prova mais eloquente de nossa herança divina.

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