sábado, 20 de outubro de 2012

ESCREVENDO NO ESCURO.


No início, breu total. Vasculham-se gavetas da memória, enquanto os olhos aprendem a distinguir silhuetas na escuridão. Requer disciplina e paciência. De repente, delineia-se uma ideia. Melhor escrever logo antes que se dissipe. Poucas palavras, telegráficas, quase cifradas, pra futuro desenvolvimento. O processo ideia-anotação se repete por algum tempo, até que dias, semanas, meses ou mesmo anos depois, repassamos o que foi registrado. Como numa corrida de espermatozóides, a ideia que merece vir à luz salta à frente, trazendo na cauda um fio piscapiscante. Desse fio é tecido o enredo, ou não, dependendo de como o pisca-pisca evolui do estágio inicial de soluço para o da consistência narrativa. Se não evoluir, volta-se à pescaria de ideias, acontece, nada de pânico. Há que se manter a serenidade, mesmo quando tateamos nas trevas. No fim das contas, tudo se resume à iluminação gerada pela própria ideia e ampliada pelo exercício de desenvolvê-la. Daí pra frente, é só uma questão de gramática.


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