segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MENSALÃO E AVENIDA BRASIL SE FUNDEM NUMA SÓ NOVELA

Depois da matéria de capa da Veja no fim de semana, a segunda-feira começa com a revelação de que Marcos Valério gravou um vídeo onde conta tudo sobre o Mensalão. Bombástico, eletrizante e milimetricamente coincidente com o momento em que as fotos de Carminha e Max se tornam eixo da trama na novela das 21h.
Mais esperto do que Nina, Marcos Valério depositou as cópias do seu vídeo em cofres bancários, fora do alcance de possíveis Maxes. Conhecendo a fundo seus ex-parceiros, não seria tão ingênuo a ponto de deixar provas tão preciosas em locais de fácil acesso. Sabe do que esses personagens são capazes, e usa seu trunfo para não virar arquivo morto, vítima de misteriosos desfechos. PC Farias, da novela anterior, que o diga.
Parece que um roteirista irônico (seria Deus?) alinhou ficção e realidade na mesma curva narrativa, talvez para sublinhar o quanto o julgamento em curso no Supremo significa para o amadurecimento e a moralização das instituições no Brasil. Já que novela aqui faz tanto sucesso, por que não novelizar a política, dando-lhe toques de dramaticidade que a coloquem no dia-a-dia das pessoas, nas conversas de família, nos papos em mesa de bar?
Começa agora o julgamento do núcleo político. Há fortes indícios de que novos personagens, de altíssimo escalão inclusive, podem se incorporar à trama, e tudo indica que brevemente saberemos quem é quem nessa história. Na novela é mais fácil, os vilões são óbvios e as incongruências de roteiro perdoadas em nome da necessidade de fidelizar a audiência. Na vida real, é preciso estar mais ligado. Parece haver mais Carminhas do que suporta o estômago mediano, mais podridão e, diferentemente das bem cuidadas produções televisivas, um monte de canastrões no elenco. De olhos bem abertos, vamos nós acompanhando cada capítulo, torcendo para que o bem vença no final e lamentando a avenida de lixões em que o Brasil se meteu. Nossa grande vantagem é a interatividade. Nada melhor do que aproveitar outra coincidência - a das eleições, para usar nosso direito de interferir na história. É moderno, eficaz e super-civilizado.


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