sábado, 28 de janeiro de 2012

A música segundo o gênio


Fui ver (e ouvir) ontem um filme que me encheu de orgulho. Que monumento nacional esse Antonio Carlos Brasileiro Pra Cacete Jobim! A música segundo ele é o máximo, dispensando texto, efeitos, atores e comentários... ocupando tudo com o brilhantismo das construções harmônicas e melódicas, com a riqueza dos intérpretes, com os olhares faiscantes na tela e marejados na plateia.
Devia ser obrigatório como votar, devia estar nos currículos escolares, dever cívico total, acompanhar essa história, aplaudir quem colocou o Brasil e o Rio na trilha sonora do mundo, quem elevou Ipanema ao pódio do imaginário global, quem mitificou a mulher carioca tornando-a inconfundível por detalhes tão simples quanto o "jeitinho dela andar". Que coisa mais linda!
A cumplicidade espoleta com Elis, o nivelamento estrelar com Sinatra, a fossa profunda de Maísa, a "Insensatez" de Judy Garland, a doçura de Nara, o sarro de Sami Davis Junior, divas e divos pra todos os gostos, vozes raras como a de Agostinho dos Santos e Milton Nascimento, as parcerias de Vinicius a Chico Buarque... Tá tudo ali, um desfile de genialidades que culmina na Sapucaí com justíssima homenagem, e maltrata o coração com um debochado "Chega de Saudade", depois de nos lembrar que a alma canta ao ver um Rio de Janeiro que nos enche exatamente de saudades. Sacanagem.
Criativo demais, ousado demais. Só o Tom se atreveria a fazer um samba com uma nota só, e a compor um "Desafinado", como quem desfruta de intimidades especiais com a música. Só ele poderia inspirar Nelson Pereira dos Santos a realizar com Dora Jobim um longa-metragem 100% musical, imaculado, inesquecível.

Um comentário:

  1. Grande comentário, Adilson. A música basta, e, de certa forma, Tom Jobim basta para a música.

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