terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Matou o professor de lógica e foi ao teatro

Conversando com o ator Augusto Madeira durante as filmagens de campanha publicitária recentíssima, nem veiculada ainda, comentei sobre sua atuação (excelente, por sinal) na peça "O Púcaro Búlgaro". Sem saber, acertei na mosca. O entusiasmo com que ele reproduziu algumas das longas falas, os detalhes de interpretação com que se deliciou de novo, tudo contagiava e denunciava sua identidade com o estilo do autor do livro que deu origem à peça.
Passagem de tempo. Abro a Folha de São Paulo no domingo e leio um artigo que brinca com o tema do livro e consequentemente da peça: a dúvida sobre a existência da Bulgária. Novamente vejo com que prazer é sublinhado o talento do responsável por aquele brilhante trabalho de literatura do absurdo, Campos de Carvalho. O Púcaro Búlgaro foi seu último livro e, por mais que o tempo passe, é difícil imaginar que ele algum dia deixe de ser moderno, como modernos continuam sendo a espera de Godot, os rinocerontes que nos atropelam pela vida afora, e tantos outros exemplos a comprovar que o absurdo reina cada vez com mais intensidade.
Tanto o artigo da Folha quanto o ator na conversa que tivemos, fizeram menção a uma frase que parece definir muito bem o espírito de Campos de Carvalho: "Aos 16 anos matei meu professor de lógica. Invocando legítima defesa". Palmas pra ele.

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