quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Livros comestíveis. Por que não?



"Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus".
A Bíblia está cheia de referências ao poder da palavra e de alusões ao ato de ingerir como sendo a forma absoluta de introjeção. No Apocalipse (10,9) chega-se ao ponto de um apóstolo receber a ordem de comer um livro.
Quem me chamou a atenção para esse dado apocalíptico foi Unamuno em seu livro "Como Escrever um Romance". Com seu estilo filosófico-transcedental, ele afirma que, sendo o livro uma coisa viva, deve-se comê-lo.
A metáfora faz sentido quando imaginamos o quanto a leitura exige de tempo de mastigação e digestão pra funcionar de verdade. E se completa com a sensação de fortalecimento que experimentamos ao final de cada livro bem absorvido, e quando sentimos cada vez mais sabor no ato de ler, e quando a fome de leitura passa a se manifestar naturalmente, como na hora do almoço.
Sem dúvida, livro alimenta.
Podemos dizer que a internet nos fornece fast-junk-food, ou tira-gostos, ou belisquetes pra enganar o estômago. Tudo vapt-vupt, sem tempo de apreciar direito, nem poder nutriente pra nos manter saudáveis. Mas, de vez em quando, saem do forno cibernético uns pãezinhos bem gostosos, que abrem o apetite pra refeições com maior sustância.
Metáforas à parte, já existe papel comestível. Vi um anúncio feito com ele, só não cheguei a provar. O fato é que aperfeiçoa daqui, melhora dali, mete um molho, aumenta a escala, e vai que alguém resolve produzir um livro... sei não, viajei.

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