domingo, 20 de novembro de 2011

Liev Tolstói, além da literatura



Um novo Tolstói acaba de chegar. A notícia está em todos os cadernos literários. Guerra e Paz, pela primeira vez publicado no Brasil com tradução direta do russo, feita por Rubens Figueiredo. Livrão, literalmente falando, exatas 2536 páginas. Uma obra ímpar, que atravessa gerações sem perder a majestade.
Mas o que mais me encanta é o autor, ele próprio seu mais rico personagem.
Depois de se tornar célebre a ponto de sua casa virar centro de peregrinação de escritores do mundo inteiro, Tolstói entra em crise existencial, funda um movimento filosófico quase religião, começa a questionar a importância de ser escritor, abre mão de seus direitos autorais, bate de frente com a mulher com quem foi casado por mais de 4o anos, combate a propriedade privada... vira sua vida de pernas pro ar.
Embalado pela notoriedade da nova edição de sua obra mais emblemática, fui em busca do que o cinema tem a dizer sobre ele, e descobri "A Última Estação". Filmaço, baseado num livro de Jay Parini sobre o momento mais conturbado da vida do grande escritor. Muito bem dirigido por Michael Hoffman, mostra-nos Christopher Plummer numa caracterização e interpretação de encher os olhos. Aliás, o elenco como um todo (destaques para Helen Mirren, Paul Giamatti, Anne-Marie Duff, Kerry Condon e James McAvoy) está impecável.
Vale a pena ver o cara que disse pérolas como "Se queres ser universal, começa por pintar tua aldeia" e "Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo", ultrapassando todos o limites da literatura, e atingindo um grau de importância histórica que provavelmente nem ele, com o toda a sua criatividade, conseguiria imaginar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário