quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Medianeras y Un Cuento Chino - histórias com endereço certo


Dois filmes que podiam ser literatura. Um deles até se chama conto. Ambos falam da dificuldade de comunicação entre as pessoas. E da solidão.
São românticos, divertidos, leves, gostosos e, acima de tudo, histórias muito bem contadas. Como, aliás, os argentinos estão se especializando em fazer.
No Conto Chinês, além da brilhante interpretação de Ricardo Darín (mais uma entre tantas), do roteiro cravado e da direção na medida, salta aos olhos a informação de que o filme é baseado em fatos reais. Como assim, se ele já começa com uma cena surreal? E aí está a ideia: a vida real é mais surreal do que supõe nossa vã filosofia. Algo tão dramático, quanto cômico. Uma contradição que dá excelentes frutos, e combina perfeitamente com o engraçado mau humor do protagonista.
Medianeras também tem sua dose de mau humor. Fala mal de Buenos Aires, detona sua arquitetura, maldiz o estilo de vida que se leva por lá, e o faz de maneira divertidíssima. Que texto bem transado! Que personagens verdadeiros!
O que se destaca nos filmes argentinos é que, antes de bem filmados (palmas para Sebastián Borentzain e pro estreante Gustavo Taretto), são muito bem escritos. Tem cultura acumulada de um povo que lê muito, sensibilidade para os temas que cutucam nossa alma, simplicidade e muita modernidade no que eles fazem.
Quando os personagens Mariana e Martin, de Medianeras, produzem em cena um filme para o Youtube, não tive dúvida de que encontraria aquela postagem na rede. Conferi, e não deu outra. Estão lá os dois mostrando pra todo mundo que "Ain't no mountain high enough" quando se manda a mensagem certa direto pro coração do público.

Um comentário:

  1. Só vi o Conto Chinês e curti muito! O meu namorado é argentino e fala igualzinho ao Darín. Os argentinos adoram reclamar. Diz o meu namorado: "Me encanta reclamar!" É por prazer mesmo!

    ResponderExcluir